sexta-feira, 5 de abril de 2013

Figuras de Linguagem

Percebe-se no refrão da música, que aparece logo em seu início, a figura de linguagem Assonância (repetição de vogais) e na primeira estrofe após o refrão, a presença da Aliteração (repetição de consoantes). Estas duas figuras, dentro da sonoridade da música, possibilitam um ritmo mais calmo através dos sons de suas consoantes e vogais. Sugerem à imaginação cores e ambientes claros. 

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora

Aqui, onde indefinido
Agora, que é quase quando
Quando ser leve ou pesado
Deixa de fazer sentido

Pode-se abrir um breve comentário que nem todos os casos as vogais signifiquem e representem pelo seu som uma cor clara e escura. Podemos citar, a exemplo disto, as vogais /a/ e /u/, que segundo a Teoria das Vogais e das Cores causam a ideia de claridade, relacionado à primeira, e a ideia de escuridão, relacionado à segunda. Podemos citar a palavra Luz conforme esta teoria. Apesar de conter a vogal /u/ dando esta ideia de escuridão, juntamente com o fonema /l/, sugerindo fluidez e o fonema /z/ prolongando traços de suavidade, a palavra denotará e transparecerá um significado diferente daquilo que a vogal /u/ representa.

Na estrofe seguinte, nota-se a presença da Sinestesia (sensações, percepções: ouvir, falar, escutar, sentir, tocar, mirar)

Aqui, de onde o olho mira
Agora, que o ouvido escuta
O tempo, que a voz não fala
Mas que o coração tributa

Como intertextualidade, pode-se relacionar a presença da Sinestesia na música com um período da Literatura chamado Simbolismo que possuía uma linguagem rica em símbolos, como o próprio nome nos leva a pensar, e a presença marcante da musicalidade. Há, também, a presença da Metonímia, neste caso, a parte pelo todo: o olho que mira, o ouvido que escuta, a voz que não fala, o coração que tributa, ao invés de dizer diretamente "a pessoa" que mira, que escuta, que fala, que tributa. O compositor enfatizou, assim, as sensações, as emoções. Com isso, o ouvinte será inserido no espaço do "aqui" e "agora" que a canção transmite.

Nas próximas estrofes, há a presença da Antítese (inversão) da mesma forma que está presente, também, na segunda estrofe com as palavras "leve" e "pesado" e na penúltima estrofe "aqui" e "depois". Com elas, a canção não narra o tempo e espaço definidos, porém, busca encontrar o ponto de equilíbrio que fará viver o "aqui" e o "agora".

Aqui, onde a cor é clara
Agora, que é tudo escuro
Viver em Guadalajara
Dentro de um figo maduro

Aqui e longe, tentando equilibrar o tempo.

Aqui, longe, em Nova Deli
Agora, sete, oito ou nove
Sentir é questão de pele
Amor é tudo que move

Com as figuras ditas anteriormente e outras que se encontram nesta linguagem musical como: Metáforas e Comparações, a canção trará juntamente com sua melodia, ritmo e letra uma imensa interpretação que é dada a cada ouvinte.

Aqui perto passa um rio
Agora que eu vi um lagarto

A Metáfora/Comparação com a vida e a morte. Uma etapa que nasce e outra que se encerra. O que em nós precisa "morrer" e "nascer"?

Morrer deve ser tão frio
Quanto na hora do parto

Aqui, fora de perigo
Agora, dentro de instantes
Depois de tudo que eu digo
Muito embora muito antes

O melhor lugar do mundo é aqui
E agora
O melhor lugar do mundo é aqui
E agora

A figura de linguagem presente, fortemente, que nos permite ter esta gama de pensamentos, sensações, que a canção deseja alcançar é a Polissemia. Causará em cada um, com própria sensibilidade, o valioso e vasto efeito de interpretação.








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